O Ecomuseu Municipal Serra do Rio do Rastro ocupa seu espaço dentro do município de Lauro Müller como um local de preservação da história, do meio ambiente e da cultura, que expõe parte de memórias que auxiliam na construção ou reconstrução da história dos grupos sociais que as produziu e produzem. A musealização do espaço também conscientiza sobre a preservação do patrimônio cultural, material e imaterial, suas temáticas históricas, arquitetônicas, tecnológicas, bem como a geografia das Encostas da Serra Geral, entre outras.

       Os ecomuseus se enquadram em uma categoria de museus marcada pela expressão da relação entre homem e natureza. Nesse sentido, o homem precisa necessariamente ser compreendido e interpretado a partir de sua dimensão natural, da mesma forma que a natureza precisa estar presente não apenas no seu estado selvagem, mas sobretudo na relação que se estabelece com as sociedades tradicionais e industriais num processo constante de interação, apropriação e transformação. Sendo assim, a relação homem e natureza que se dá em um determinado território que caracteriza o ecomuseu (SOARES, 2006).

        Um dos grandes patrimônios de preservação do Ecomuseu Serra do Rio do Rastro é a Coluna White, descoberta pelo geólogo Israel Charles White. Ele foi contratado em 1904 para estudar as jazidas de carvão mineral do sul do Brasil e elaborou uma coluna estratigráfica com dezessete marcadores de concreto que registram as características de cada afloramento. Assim, esse patrimônio constitui um dos principais sítios geológicos e paleontológicos da Bacia do Paraná, e por sua equivalência aos da Bacia do Karoo, na África do Sul, contribui para a comprovação da teoria da deriva continental.

        Ainda com uma geografia bastante peculiar, composta de um imenso paredão recortado por vales profundos, a Serra Geral Catarinense, que demarca os limites entre o planalto serrano e a planície costeira, é ponto privilegiado para observação não apenas da movimentação dos continentes, mas também das características mais imediatas do território que compreende a região sul do Estado. Especificamente a partir dos contrafortes da Serra do Rio do Rastro, localizados a mais de 1400 metros de altitude no município do Lauro Müller, pode-se acompanhar praticamente todo o trajeto do Rio Tubarão, que nasce naquele vale e corre cerca de 120 km para Leste, até desaguar no complexo de lagoas que acompanha o litoral. De cima da serra, já sobre os campos e as florestas de araucárias que se estendem a Oeste, é possível ver ainda boa parte da bacia do Rio Araranguá, que desce dos cânions um pouco mais ao Sul e serpenteia 35 km até encontrar o Oceano Atlântico. Nesta região predominantemente baixa e plana, formada com os sedimentos depositados pelos movimentos de avanço e recuo do mar e do processo desgaste das escarpas da serra, destacam-se também alguns morros testemunhos e cadeias de montanhas menores que resistiram ao processo de erosão. Da vegetação de mata atlântica que cobria o território onde estão os 45 municípios associados às sub-regiões da AMUREL, da AMREC e da AMESC, remanescem preservados apenas os terrenos íngremes das encostas, como os 6.200 hectares que abrangem o Ecomuseu Municipal da Serra do Rio do Rastro.

         Percebe-se desta forma a necessidade de valorização e preservação da história e da cultura local, além da divulgação do patrimônio natural, que possui grande potencial turístico na região. Acrescentando, ainda, a necessidade da preservação dos bens naturais, o Ecomuseu vem ao encontro dos anseios de uma população cada vez mais consciente da necessidade de preservar tanto bens naturais como culturais. O Ecomuseu vai além da ecologia. Seu conceito é muito mais complexo, o termo está ligado a numerosos outros conceitos como o de território, espaço como objeto de interpretação, sistema museográfico, instituição administrativa, preservação ambiental dentre outros, lugar de memória.